Sente minha respiração
quente em seu pescoço? Meu sangue pulsa quando sinto teu cheiro, meu coração
acelera quando você passa, meu peito arde como se estivesse em chamas quando você
toca. Você sabe o que é isso? Meu corpo vibra ao sentir suas entranhas quentes,
minha pele se arrepia quando toca seus pelos. Você sente isso? Não, claro que
não. Há muitas coisas que nos difere. Prefiro me afastar, a te ver sofrer, ou
até mesmo te ferir. Prefiro a morte a te matar. Há muitos absurdos ao meu
respeito que você nem sonha, nem mesmo em seus piores pesadelos.
Quero sentir em meus lábios
seus líquidos corpóreos, arrancar seus órgãos e guardá-los onde serei o único que
possa admirá-los. Você sabe o que tenho? Desejo. Desejo de rasgar as falsas
verdades, de vislumbrá-la crua e nua. Toda e completamente crua. Sem medo, sem
medo do que posso fazer com você, sem o medo em seus olhos quando arrancar-lhe
seu ultimo suspiro.
Paro, seguro toda essa
escuridão em mim, mas escuto o vento mexendo em seus cabelos, seus passos
macios e rápidos no orvalho do alvorecer. Sinto inveja das gotas que tocam sua
pele sem feri-la e vergonha de saber que as lagrimas que escorrem nesse momento
são por minha causa.
Paro. Não quero. Não
posso. Não devo. Mas eu desejo é arrastar seu corpo até meu esconderijo, onde o
sol não bate e existe apenas meu eu obscuro. Corro. Corro para de pegar, quero
beber-te até a ultima gota, quero comer-te até não ter mais o que e no final
ainda me lamberei pra sentir o seu sabor junto com o meu. Mas eu paro. Paro por
você, não por mim. Paro e finjo que nada aconteceu, que esse não sou eu e que esse
desejo vai passar. Você vai continuar ai, intocada, sem saber nada do que passa
comigo.
Se eu falasse todos os absurdos
que passam na minha mente. Se eu escrevesse todas as dores que sinto. Se seu
deixasse o meu lado 'fera' aparecer. Se eu visse tudo o que eu quero ver e você
não pode. Se eu fosse quem eu quero ser, você não iria querer estar com o que
eu quero me tornar!